Os
cuidados que a Xerox pede...
por
Alexandre
César (3 Velhos Nerds)
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Keanu Reeves e Alice Eve fazem o possível em Sci-Fi "B"
Contando
com uma filmografia que inclui hits
como Velocidade
Máxima,
as trilogias
Matrix
e
John
Wick, Keanu
Reeves, que além de driblar bem a passagem do tempo (tal qual Tom
Cruise)
tem
o dom de fazer filmes ruins se tornarem bons, somente com seu
carisma,
entrando num seleto grupo: O das estrelas que levam uma produtora a
construir um filme centralizando toda história em cima de um grande
nome de Hollywood:
Pacino e De Niro, por exemplo, encheram os bolsos com este tipo de
projeto na década passada – o chamado “B
refinado”
– que muitas vezes resultam em filmes de qualidade questionável,
além do baixo orçamento e do consequente lançamento limitado
(quase sempre voltado para home video ou streaming). Aqui ele
revisita a história arquetípica do cientista que desafia os limites
da ciência, e que nesse processo vai enlouquecendo progressivamente
no meio das suas obsessões, coisa que já rendeu bons exemplos da
ficção científica seja no cinema e na TV (em especial no
streaming,
com séries como Black
Mirror
e no clássico Twilight
Zone),
sendo Réplicas
(2018) de Jeffrey Nachmanoff soa como um filme “B”
reciclado dos anos 90 que apesar de seus pesares, é funcional, mas
não o impediu de amargar nas bilheterias, sendo possível que no
futuro, via TV ou streaming
venha transformar-se num guilty
pleasure
dos futuros espectadores.
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robô "XBox": Os efeitos visuais refletem
o baixo orçamento do filme.
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A perda repentina da família o empurra numa direção arriscada.
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Ele mapeia o cérebro humano e coloca via realidade virtual um modelo
“impresso” deste cérebro em um robô. Mas o cérebro e o robô
não se conectam, e o robô arranca partes do próprio corpo, se
destruindo (ainda não há compatibilidade entre um modelo biológico
e um cibernético...) fazendo o o infame chefe Jones (John Ortiz)
brigar com ele, ameaçando fechar o projeto. Ele percebe que está
atrasado para a viagem de fim de semana e corre para casa. Chegando
em casa, logo ele parte com sua família: A esposa Mona (Alice Eve),
os adolescentes Matt (Emjay Anthony), Sophie
(Emily Alyn Lind) e a caçulinha Zoe (Aria Lyric Leabu)
para uma típica viagem de férias, mas na noite estava chuvosa eles
acabaram batendo o carro e capotando, até que caíram em um lago e o
único sobrevivente do acidente é William que, vendo a morte de sua
família o que faz? Obviamente pede a ajuda de seu amigo, Ed (Thomas
Middleditch, que tem uma ótima química com Reeves) ele logo
transforma sua família em réplicas clonadas.
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Jones (John Ortiz) e William: O patrão implacável X o gênio rebelde.
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O
filme entrega a experiência de uma interatividade futurista, ainda
não alcançada (que pode ou não vir a ser o nosso futuro)
com uma ideia promissora, embora tratada de forma um pouco
superficial, sendo um filme escapista que recicla material para
abordar de forma ligeira temas como a Inteligência Artificial,
clonagem e a ética e moral que as envolve, isto enquanto
simultaneamente se tenta entregar um thriller
de ação onde amor pela ciência e família se cruzam numa avenida
de lugares comuns, provavelmente por culpa dos investidores que
queriam um produto mais comercial.
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Zoe (Aria Lyric Leabu) a caçulinha e a grande perda da família.
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Num
certo momento Mona, a esposa de William começa a sentir um vazio,
isso por conta que ele retirou as memórias não só dela mas de toda
a família, sobre a filha mais nova Zoe, (pois não haviam cápsulas
de clonagem suficientes...) para eles ela nunca existiu, entretanto
todos eles sentem falta de algo, questionando a sua existência e o
seu "renascimento". No filme as réplicas são muito
inteligentes, e rápidas quase melhores que os originais. O filme a
partir desse momento segue, Reeves tentando se adaptar a nova
família, enquanto ele concilia o trabalho. Aqui se encontra a melhor
parte do filme, com William tentando burlar a verdade invasiva com
uma mentira cobrindo outra e sempre tentando encontrar uma saída.
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Ed Ed (Thomas Middleditch), o amgo que o alerta dos riscos.
Ele e Reeves realmente parecem ser amigos de longa data.
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"É só colocar umas células na incubadeira por 17 dias e...
voilá, um clone completo e autosuficiente!!!"
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Mona (Alice Eve) a amada esposa. Única, ou quase...
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Produzido
pela Riverstone
Pictures
o filme teve um agressivo marketing que vendeu o longa como “uma
grande experiência de ficção científica”,
tendo seus gastos superarado os trinta milhões de dólares (a maior
parte gasto com certeza nos cachês de Reeves e Eve), um valor
impossível de cobrir apenas vendendo DVD’s e Blu Rays ou mesmo
assinando um contrato com a Netflix.
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O infame chefe Jones: "- É hora de
discutir as questões trabalhistas William!"
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Réplicas
– De Volta à Vida mescla
gêneros, como SyFy, ação, drama, comédia e suspense, e faz uma
mistura agradável. O filme não tem um vilão implícito, e quando
vemos o grande vilão da trama percebemos que ele não tem nada de
grande e serve só parar dar uma desfecho com ação, descartando a
questão ética em torno da transferência de memórias de um humano
para um robô, terminando num tom “sarcástico” que até abre
possibilidades para uma “continuação” ambientada neste universo
narrativo, sem necessariamente se focar na família de William. Coisa
que face a péssima recepção da bilheteria nos EUA não deve
ocorrer, embora os produtores tenham encontroado compradores em
mercados como Brasil, Japão e Índia – talvez quem sabe se faça
uma continuação genérica, com custo menor, diretamente para o
vídeo ou Streaming
– ou seja, uma cópia da cópia...
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"- Deixe-me ver: Copio uma sinapse aqui, apago outra ali, e
imprimo o resto, cruzo os dedos e vejo no que vai dar..."
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